Há duas semanas atrás me deparei com artigo assinado pelo colega de jornalismo Lucas Rohãn, que comentava a lista dos 10 melhores discos do rock gaúcho, publicados na revista Aplauso (edição de maio). Não gosto de polêmicas e não vem ao acaso acalentar uma neste espaço, mas mesmo sendo um bípede sem afinação e com movimentos nada musicais, não me furtei em participar da discussão sobre o tal rock feito nos Pampas. O motivo da minha intromissão? É que gosto desse tal de rock n roll... há mais ou menos 17 anos, penso que já posso dar meus pitacos sobre algumas coisas.
Se a lista foi mal feita não cabe aqui a discussão. No meu ponto de vista ela representa muito o rock underground feito aqui. Primeiro por que quem lidera a lista é o clássico psicodélico de Júpiter Maçã (Flávio Basso nas horas vagas) Sétima Efervescência de 1996. Esse disco foi uma ruptura no rock nacional que na época ainda vivia sob a égide de “armações” como Mamonas Assassinas; Virgulóides e outros produtos da grande mídia. Maçã antenado com o que era feito lá fora “mixou” referências sixties e colocou doses diversas do melhor alucinógeno musical que já foi feito (leia-se Beatles fase 66 – 68 e Pink Floyd com Syd Barret), o resultado: qualquer bandinha brasileira de penteado moptop, terninhos e som mod bebe nas influências do cara até hoje.
Para mostrar que a lista não foi criada para agradar medalhões, nada consta de Engenheiros do Hawaii, Nenhum de Nós, Papas da Língua etc, Bandas importantes sim, mas que com o acento pop e comercial, por vezes acabaram limitando o som destes prados, como algo fácil de ser rotulado. O que não é verdade! O rock gaúcho nasceu com a cara da diversidade identificada pela própria origem cultural do Rio Grande do Sul, um estado paralelo nesse território continental chamado Brasil.
Só no RS temos uma banda como a Liverpool que não devia nada a “bambas” como Os Mutantes. E o que dizer do De Falla que sempre esteve um pé à frente do que era feito naqueles idos de rock “mauricinho” do Capital Inicial? Isso sem falar que se existem bandas como Faichecleres, e Relespública, elas devem muito a grupos como TNT e Os Cascavelletes. Ou seja, a lista priorizou com seus votos o rock que não precisou de fórmulas pré-fabricadas para se estabelecer. Um estilo próprio de não seguir as convenções estabelecidas, algo que caracteriza nosso rock underground e o nosso espírito caudilho. Uma produção com qualidade que até hoje as rádios mainstream ainda não se tocaram que é vendável.
Posso perguntar para qualquer radialista de FM do interior o que ele saca de grupos gaúchos como Space Rave, Pata de Elefante, Identidade, Walverdes, etc, aposto que poucos saberão pronunciar o nome destas bandas. Por que? Porque estão presos em fórmulas da mídia comercial sustentada por “Jotas, Jabás e Ivetes da vida”, algo deprimente nestes dias de MP3 e comunicação via blogs, My Space e afins. Até porque há todo um movimento de arte e cultura rocker de qualidade conhecido nos subterrâneos digitais, porém com pouca divulgação nos meios tradicionais.
O que a Aplauso fez é de tirar o chapéu: levar às novas gerações as raízes de tudo e ainda mostrar que aqui nem de Gessinger e Thedy Corrêa se faz “iê iê iê”.
Para encerrar, recomendo aos neófitos em música Gauleses Irredutíveis, livro que foi lançado em 2000. No melhor estilo “Mate-me, por Favor!”, a obra gaúcha remonta os primórdios do rock sulista desde os idos da década de 50. Ali vimos que a Graforréia Xilarmônica (banda conceituada no rock independente) não foi “cria” do produtor Carlos Eduardo Miranda (Ídolos), ela nasceu mutante por si só em pleno 1988. Taí o registro!
Há duas semanas atrás me deparei com artigo assinado pelo colega de jornalismo Lucas Rohãn, que comentava a lista dos 10 melhores discos do rock gaúcho, publicados na revista Aplauso (edição de maio). Não gosto de polêmicas e não vem ao acaso acalentar uma neste espaço, mas mesmo sendo um bípede sem afinação e com movimentos nada musicais, não me furtei em participar da discussão sobre o tal rock feito nos Pampas. O motivo da minha intromissão? É que gosto desse tal de rock n roll... há mais ou menos 17 anos, penso que já posso dar meus pitacos sobre algumas coisas.
Se a lista foi mal feita não cabe aqui a discussão. No meu ponto de vista ela representa muito o rock underground feito aqui. Primeiro por que quem lidera a lista é o clássico psicodélico de Júpiter Maçã (Flávio Basso nas horas vagas) Sétima Efervescência de 1996. Esse disco foi uma ruptura no rock nacional que na época ainda vivia sob a égide de “armações” como Mamonas Assassinas; Virgulóides e outros produtos da grande mídia. Maçã antenado com o que era feito lá fora “mixou” referências sixties e colocou doses diversas do melhor alucinógeno musical que já foi feito (leia-se Beatles fase 66 – 68 e Pink Floyd com Syd Barret), o resultado: qualquer bandinha brasileira de penteado moptop, terninhos e som mod bebe nas influências do cara até hoje.
Para mostrar que a lista não foi criada para agradar medalhões, nada consta de Engenheiros do Hawaii, Nenhum de Nós, Papas da Língua etc, Bandas importantes sim, mas que com o acento pop e comercial, por vezes acabaram limitando o som destes prados, como algo fácil de ser rotulado. O que não é verdade! O rock gaúcho nasceu com a cara da diversidade identificada pela própria origem cultural do Rio Grande do Sul, um estado paralelo nesse território continental chamado Brasil.
Só no RS temos uma banda como a Liverpool que não devia nada a “bambas” como Os Mutantes. E o que dizer do De Falla que sempre esteve um pé à frente do que era feito naqueles idos de rock “mauricinho” do Capital Inicial? Isso sem falar que se existem bandas como Faichecleres, e Relespública, elas devem muito a grupos como TNT e Os Cascavelletes. Ou seja, a lista priorizou com seus votos o rock que não precisou de fórmulas pré-fabricadas para se estabelecer. Um estilo próprio de não seguir as convenções estabelecidas, algo que caracteriza nosso rock underground e o nosso espírito caudilho. Uma produção com qualidade que até hoje as rádios mainstream ainda não se tocaram que é vendável.
Posso perguntar para qualquer radialista de FM do interior o que ele saca de grupos gaúchos como Space Rave, Pata de Elefante, Identidade, Walverdes, etc, aposto que poucos saberão pronunciar o nome destas bandas. Por que? Porque estão presos em fórmulas da mídia comercial sustentada por “Jotas, Jabás e Ivetes da vida”, algo deprimente nestes dias de MP3 e comunicação via blogs, My Space e afins. Até porque há todo um movimento de arte e cultura rocker de qualidade conhecido nos subterrâneos digitais, porém com pouca divulgação nos meios tradicionais.
O que a Aplauso fez é de tirar o chapéu: levar às novas gerações as raízes de tudo e ainda mostrar que aqui nem de Gessinger e Thedy Corrêa se faz “iê iê iê”.
Para encerrar, recomendo aos neófitos em música Gauleses Irredutíveis, livro que foi lançado em 2000. No melhor estilo “Mate-me, por Favor!”, a obra gaúcha remonta os primórdios do rock sulista desde os idos da década de 50. Ali vimos que a Graforréia Xilarmônica (banda conceituada no rock independente) não foi “cria” do produtor Carlos Eduardo Miranda (Ídolos), ela nasceu mutante por si só em pleno 1988. Taí o registro!
sábado, 26 de maio de 2007
sábado, 5 de maio de 2007
Acordar
Nos últimos dias não consigo fazer nada além de pensar. O difícil é conseguir pensar em algo. Eu tento definir alguma certeza, algo que decifre essa imensidão de sombras de...Incertezas, porém não consigo! Penso em desistir do que tanto ambicionei para mim. Mas, se pensar bem nunca ambicionei tanto o que eu queria. Seria tudo na minha vida uma ilusão?
Pois bem, some a essa indecisão de pensar ou não a respeito do que move meus ideias nos últimos anos, ao sentido de não ser eu uma pessoa completa. Peraí que eu explico!!! Eu não consigo me ver como uma pessoa com ideologias. Sei que o papo de ideologias parece coisa ultrapassada; coisa de alguém que ainda acha que o mundo ou é azul ou é vermelho (mas por essas bandas a vida não se divide assim?), contudo eu sempre achei que deveria adotar alguma ideologia para a minha existência. O fato de não haver mais ideologias sendo vendidas nos mercados é outra coisa que me assusta: que porra de mundo é esse tão alienado assim?
Fico mais tranqüilo quando dedico horas do meu tempo ao culto de autodestruição do inconsciente. Traduzindo: faço coisas para parar de pensar. O problema que pensar vicia. Já estou tendo crises de abstinência quando fico sem camiseta, lagarteando no sofá em uma tarde de sábado vendo o programa de Luciano Huck. Isso dói. Dói mais saber que poderia estar usando esse “tempo livre” para pensar.
Aí penso no que poderia fazer para minha vida ganhar novo ritmo, cor e até mesmo sabor. Quem sabe uma paixão desenfreada? Tudo bem, o problema é se dedicar a uma paixão nestes nossos dias de sexo realizado por avatares anabolizados do Second Life. O mundinho dentro de casa e dentro do casulo globalizado que é a Internet é mais cativante e agradável.
Por isso Baudrillard deve estar sorrindo em meio à putrefação: o simulacro é bem melhor do que essa merda de globo cheio de contas para pagar; relacionamentos complicados; fraquezas emocionais, violência nem um pouco glamourizada; e corpos que precisam ser customizados a todo o momento para conquistarem o ideal da perfeição vendido pela mídia.
Então penso. E na busca pela melhor saída nesse coletivo de reflexões, fico frustrado achando que ainda sou um adolescente preso a um corpo adulto. O passar incessante dos anos, talvez seja o principal motivo para o meu bloqueio nas escolhas e decisões que devem ser tomadas.
Não sei o que é se é a maturidade batendo a porta, o fim da inocência ou a certeza de que enfim, nada podemos fazer: somos humanos, cada um com suas fraquezas, tolices, medos e paranóias. Ridiculamente humanos exóticos e estranhos. Cada um na sua medida, todos, em algum momento da vida, passando por um sério momento de inquietação consigo mesmo. Um período vital para as próximas fases da vida, onde novas dores de cabeça aportarão sobre os pensamentos mais íntimos. O fato é que estou nessa grande encruzilhada e não tenho vontade de sentar e tocar num violão um blues do senhor Johnson.
Pois bem, some a essa indecisão de pensar ou não a respeito do que move meus ideias nos últimos anos, ao sentido de não ser eu uma pessoa completa. Peraí que eu explico!!! Eu não consigo me ver como uma pessoa com ideologias. Sei que o papo de ideologias parece coisa ultrapassada; coisa de alguém que ainda acha que o mundo ou é azul ou é vermelho (mas por essas bandas a vida não se divide assim?), contudo eu sempre achei que deveria adotar alguma ideologia para a minha existência. O fato de não haver mais ideologias sendo vendidas nos mercados é outra coisa que me assusta: que porra de mundo é esse tão alienado assim?
Fico mais tranqüilo quando dedico horas do meu tempo ao culto de autodestruição do inconsciente. Traduzindo: faço coisas para parar de pensar. O problema que pensar vicia. Já estou tendo crises de abstinência quando fico sem camiseta, lagarteando no sofá em uma tarde de sábado vendo o programa de Luciano Huck. Isso dói. Dói mais saber que poderia estar usando esse “tempo livre” para pensar.
Aí penso no que poderia fazer para minha vida ganhar novo ritmo, cor e até mesmo sabor. Quem sabe uma paixão desenfreada? Tudo bem, o problema é se dedicar a uma paixão nestes nossos dias de sexo realizado por avatares anabolizados do Second Life. O mundinho dentro de casa e dentro do casulo globalizado que é a Internet é mais cativante e agradável.
Por isso Baudrillard deve estar sorrindo em meio à putrefação: o simulacro é bem melhor do que essa merda de globo cheio de contas para pagar; relacionamentos complicados; fraquezas emocionais, violência nem um pouco glamourizada; e corpos que precisam ser customizados a todo o momento para conquistarem o ideal da perfeição vendido pela mídia.
Então penso. E na busca pela melhor saída nesse coletivo de reflexões, fico frustrado achando que ainda sou um adolescente preso a um corpo adulto. O passar incessante dos anos, talvez seja o principal motivo para o meu bloqueio nas escolhas e decisões que devem ser tomadas.
Não sei o que é se é a maturidade batendo a porta, o fim da inocência ou a certeza de que enfim, nada podemos fazer: somos humanos, cada um com suas fraquezas, tolices, medos e paranóias. Ridiculamente humanos exóticos e estranhos. Cada um na sua medida, todos, em algum momento da vida, passando por um sério momento de inquietação consigo mesmo. Um período vital para as próximas fases da vida, onde novas dores de cabeça aportarão sobre os pensamentos mais íntimos. O fato é que estou nessa grande encruzilhada e não tenho vontade de sentar e tocar num violão um blues do senhor Johnson.
quinta-feira, 12 de abril de 2007
abril
Hoje nada de mais.
Há um pouco de fumaça saindo dos carros, prédios, das bocas das pessoas, até porque é outono. Sabe o mais belo do outono é que ele tem um gosto de lembrança. O sol vai ficando fraco cedo e a brisa da noite é um convite para um bom gole de vinho.
Por enquanto as ruas estão largas de sorrisos bronzeados. Todos parecem dispersos como se fosse ainda verão. Mas, sabe, há um estranho sentimento de saideira, um amargor nauseante que ludibria os sentidos e macula a minha visão de amanhã. Hoje, por enquanto nada. Amanhã talvez seja o mundo.
Enfim,
É melhor virar o disco e cantar, cantar...
Há um pouco de fumaça saindo dos carros, prédios, das bocas das pessoas, até porque é outono. Sabe o mais belo do outono é que ele tem um gosto de lembrança. O sol vai ficando fraco cedo e a brisa da noite é um convite para um bom gole de vinho.
Por enquanto as ruas estão largas de sorrisos bronzeados. Todos parecem dispersos como se fosse ainda verão. Mas, sabe, há um estranho sentimento de saideira, um amargor nauseante que ludibria os sentidos e macula a minha visão de amanhã. Hoje, por enquanto nada. Amanhã talvez seja o mundo.
Enfim,
É melhor virar o disco e cantar, cantar...
segunda-feira, 2 de abril de 2007
três conclusões de fim de semana
Capítulo I
Estou com baixa estima. Pode parecer modinha ou viadagem, mas sei lá, tenho andado chafurdando demais na bebida e na comida. Agora quando me olho no espelho, tapo um olho e tento não descer a "vistoria" até o umbigo. Dobras intensas de gordura me desmotivam a querer bancar o atleta que já não sou, mas pensando bem: quando é que eu fui um atleta?
Bom, pelo menos ainda não contenho seios. Homem com seios é a coisa mais ridícula que há. Pior que homem com seios é cara de sunga na praia. Ou então, pêlos saindo para fora do nariz.
Deixa pra lá a sessão "Coisas Ridículas".
O fato é que estou me maltratando direto. Arruinando meu sorriso com uma ferrugem monótona e nem um pouco divertida. Bundando pra vida enquanto a vida lá fora corre apressada.
Sei lá se é esse ópio costumeiro que está me azedando, mas o negócio é que não estou afim de virar bolor. Tenho muita coisa para fazer. O meu cérebro sabe que posso fazer, os músculos frouxos é que não respondem.
Pelo instinto de sobrevivência, eu sei que logo vai passar essa tormenta. Então cansarei de pão com manteiga, novelinha e filme locado. Cansarei de acordar com a sensação de estar perdendo o tempo, a nota, o compasso.
Preciso urgentemente quebrar os meus espelhos e correr perigo.
Sei lá, o que sei é que não quero virar bolor, ainda não... ainda temos muito finais de semana para sobrevivermos.
Capítulo II
Recorri no final de semana a alguns filmes de horror dos anos 60 e 70. Rever filmes que marcaram a infância e a adolescência é mais que um vício nostálgico, é a certeza de que já tivemos boas sessões de filmes nas madrugadas da TV Globo e Bandeirantes nos anos 80 e começo dos 90.
Quem lembra do corujão e da sessão de gala? Pois bem, naquela época passavam clássicos e obscuridades de terror, suspense e demais gêneros.
Produções como Encurralado (1971), um marco por ser o primeiro filme de Spilberg ( e um dos poucos filmes do diretor que eu aprecio); Dança com Vampiros (Polanski 1967); Abominável Dr. Phibes (1971); Quadrilha de Sádicos (1977), etc.O que comprova a precariedade da televisão aberta nos dias de hoje. Quem gosta de assistir filmes e programas de TV na madrugada e não assina TV a cabo, tem mais é que relembrar, e relembrar...
Ou seja, o negócio é o povão gargalhar com a sessão comédia promovida pelos programas pentecostais, que além de exibirem a "má fé" explícita com as classes menos favorecidas, mostra um país caricato, entregue nas mãos dos novos mandarins da comunicação brasileira: pastores "biliardários" com poderes quase "divinos" e muita canastrice para divertir quem ainda não se pegou no desespero de untar água e preces para tirar na Mega Sena.
Depois da compra do Correio do Povo, não será tão assustador se outros veículos de comunicação ficarem nas mãos
dos pastores "super poderosos". Cruzes! Sai pra lá Bode Preto!!!Última conclusão:
Capítulo III
Pra terminar: estou acabado fisicamente, mas até que sobrevivi a pasmaceira do final de semana.
Capítulo III
Pra terminar: estou acabado fisicamente, mas até que sobrevivi a pasmaceira do final de semana.
quarta-feira, 28 de março de 2007
A carta que jamais foi mandada
Um dia imaginei escrever uma carta para você.
o problema dessa carta é que ela nunca foi postada. As palavras continuam escritas, bem como já estão amareladas pelo tempo.
Talvez um dia, quando a tormenta passar, possas ler o que escrevi lá em uma cinza tarde de fevereiro de 2000.
Até lá fique com um pouco do registro.
...Olho para ela e vejo mais que amor. Olho por sobre minhas grossas sobrancelhas e sinto uma ânsia de querer ela para mim, muito mais que respirar, algo que em prosa, nem a frase mais precisa pudesse provocar. O que sinto não há nomenclatura, ou mesmo alguma cura que valha. É preciso expor por fora, aberto por faca que marca a pele e tatua em cores de sangue, do meu sangue e da minha carne, da minha beleza tardia que muitas mulheres não souberam amar.
É como se fosse necessário agora, calar essa vontade à força.
Mais que derramar gemidos por sobre minha carne frouxa, velha e inerte, gostaria de provar da taça onde está ungindo meu próprio sangue, e do meu gôzo untar como filho, marido e homem , o pai que jamais pude ser.
Assim serias minha. Te lavaria em meu colo, aos cabelos negros e lisos, deitado de olhos abertos e pele molhada, por um único instante, mesmo que esse mundo parasse de rodar, e que se todas as coisas em um cogumelo radioativo fossem destruídas, por ali estaríamos presos e protegidos, eu e você em um quase Hiroshima.
Não posso processar o tempo que em disparada fugiu de nossas mãos, areia ao vento, ponteiros de segundo. Nem mesmo erguer um muro que embruteça a memória, com desculpas que foram feitas para capitular qualquer ação. Não! se fosse possível me entregaria morto para ti. Porque só eu sei o que é, de que é feito e que gosto tem, muito mais do que te dar a vida, te dei ar, sangue e a certeza de que tudo nessa estrada são palavras de despedida. Fique certa que a cada impulso da noite que sempre volta com sua escuridão bonita, sabe-se que o sol amanhã ao acordar estará ajoelhado para ti, lá naquele cantinho que te mostrei(lembra?) é ali o seu porto, onde guardado fica o rei que fica para as juras maiores que se enlutam ao peito, até o fim.
Fim?
o problema dessa carta é que ela nunca foi postada. As palavras continuam escritas, bem como já estão amareladas pelo tempo.
Talvez um dia, quando a tormenta passar, possas ler o que escrevi lá em uma cinza tarde de fevereiro de 2000.
Até lá fique com um pouco do registro.
...Olho para ela e vejo mais que amor. Olho por sobre minhas grossas sobrancelhas e sinto uma ânsia de querer ela para mim, muito mais que respirar, algo que em prosa, nem a frase mais precisa pudesse provocar. O que sinto não há nomenclatura, ou mesmo alguma cura que valha. É preciso expor por fora, aberto por faca que marca a pele e tatua em cores de sangue, do meu sangue e da minha carne, da minha beleza tardia que muitas mulheres não souberam amar.
É como se fosse necessário agora, calar essa vontade à força.
Mais que derramar gemidos por sobre minha carne frouxa, velha e inerte, gostaria de provar da taça onde está ungindo meu próprio sangue, e do meu gôzo untar como filho, marido e homem , o pai que jamais pude ser.
Assim serias minha. Te lavaria em meu colo, aos cabelos negros e lisos, deitado de olhos abertos e pele molhada, por um único instante, mesmo que esse mundo parasse de rodar, e que se todas as coisas em um cogumelo radioativo fossem destruídas, por ali estaríamos presos e protegidos, eu e você em um quase Hiroshima.
Não posso processar o tempo que em disparada fugiu de nossas mãos, areia ao vento, ponteiros de segundo. Nem mesmo erguer um muro que embruteça a memória, com desculpas que foram feitas para capitular qualquer ação. Não! se fosse possível me entregaria morto para ti. Porque só eu sei o que é, de que é feito e que gosto tem, muito mais do que te dar a vida, te dei ar, sangue e a certeza de que tudo nessa estrada são palavras de despedida. Fique certa que a cada impulso da noite que sempre volta com sua escuridão bonita, sabe-se que o sol amanhã ao acordar estará ajoelhado para ti, lá naquele cantinho que te mostrei(lembra?) é ali o seu porto, onde guardado fica o rei que fica para as juras maiores que se enlutam ao peito, até o fim.
Fim?
distância
Um dia vencerei a barreira que me prende nesse deserto/ e lá, podes crer meu amor/ estarei perto demais de você/ .
Sua imagem exposta em pixels/ símbolos high tech/ criam chagas e fascinam/ quem se comove com um simples adeus/. Todos os momentos estão guardados/ na ampulheta quebrada/ despedida sem abraço, calor ou do meu tempo. Percorro a finitude de cada hora aguardando um "olá"/e esse sorriso que insistes em mostrar/ mais machuca do que afaga/.
Roubo as moedas dos mendigos/ corro perigos no banquete de Jesus/ artimanhas para levar a vida/ antes que ela me leve/.
Você sabe/ eu nunca fui um bom santo/ Esse coração nada tem de sagrado/ é pungente/ lacrado por você eu apenas respiro por respirar/
Nossas juras se esvaziam em piadas de bar/ cotovelos molhados de lágrimas/ e desculpas furadas / para não se machucar: crie outro nick,/ Você mesmo me ensinou/
Uma noite apenas/ é o que peço!/
Apenas uma
Noite/
Para adormecer todo o sempre/.
Sua imagem exposta em pixels/ símbolos high tech/ criam chagas e fascinam/ quem se comove com um simples adeus/. Todos os momentos estão guardados/ na ampulheta quebrada/ despedida sem abraço, calor ou do meu tempo. Percorro a finitude de cada hora aguardando um "olá"/e esse sorriso que insistes em mostrar/ mais machuca do que afaga/.
Roubo as moedas dos mendigos/ corro perigos no banquete de Jesus/ artimanhas para levar a vida/ antes que ela me leve/.
Você sabe/ eu nunca fui um bom santo/ Esse coração nada tem de sagrado/ é pungente/ lacrado por você eu apenas respiro por respirar/
Nossas juras se esvaziam em piadas de bar/ cotovelos molhados de lágrimas/ e desculpas furadas / para não se machucar: crie outro nick,/ Você mesmo me ensinou/
Uma noite apenas/ é o que peço!/
Apenas uma
Noite/
Para adormecer todo o sempre/.
segunda-feira, 26 de março de 2007
esse é daqueles textos velhos, mas não reparem!
Valsinha

A moça que passa apressada quer o disparate. Quer o samba, quer a vida fora das capas de revista.
A velha, que joga farelos de pão aos pombos, quer embora da saudade, sorrir até o fim, se o fim também for embora.
O policial nervoso se agita, balança a coluna, serve a uma dura ginga e se encolhe de medo ao peito.
O homem que toca bumbo no coreto,
É mais sinhô, é mais sinhô, e sabe sim, que nessa vida nem só de grana se faz homem de valor.
Valor
Valor
Pra quê o verde dessa nota
Ou o ouro dessa jóia
Se a alma é luz de toda cor?
De toda cor
De toda cor
O banqueiro está correndo. Com passos firmes ele anda, nem olha para os lados, esses pobres retratos jogados ao chão.
Um louco dança a dança de uma flor.
Faz capoeira sem som e estrela na calçada
Para ele algumas palmas e corre - corre assustado.
Os carros passam, tudo passa nessa lida guerreira.
Frente aos olhos negros, a meninada brinca de equilibrar na travessura
ou na mágica
sua reles sina brasileira.
Agonizam à distância
dos silêncios blindados.
Seja nos semáforos
ou atrás de grades e cadeados
Essa meninada nasceu
para ser Cristo favelado.
Mas tem que ter
valor
valor
Pra quê o verde dessa nota
Ou o ouro dessa jóia
Se a alma é luz de toda cor?
De toda cor
De toda cor

A moça que passa apressada quer o disparate. Quer o samba, quer a vida fora das capas de revista.
A velha, que joga farelos de pão aos pombos, quer embora da saudade, sorrir até o fim, se o fim também for embora.
O policial nervoso se agita, balança a coluna, serve a uma dura ginga e se encolhe de medo ao peito.
O homem que toca bumbo no coreto,
É mais sinhô, é mais sinhô, e sabe sim, que nessa vida nem só de grana se faz homem de valor.
Valor
Valor
Pra quê o verde dessa nota
Ou o ouro dessa jóia
Se a alma é luz de toda cor?
De toda cor
De toda cor
O banqueiro está correndo. Com passos firmes ele anda, nem olha para os lados, esses pobres retratos jogados ao chão.
Um louco dança a dança de uma flor.
Faz capoeira sem som e estrela na calçada
Para ele algumas palmas e corre - corre assustado.
Os carros passam, tudo passa nessa lida guerreira.
Frente aos olhos negros, a meninada brinca de equilibrar na travessura
ou na mágica
sua reles sina brasileira.
Agonizam à distância
dos silêncios blindados.
Seja nos semáforos
ou atrás de grades e cadeados
Essa meninada nasceu
para ser Cristo favelado.
Mas tem que ter
valor
valor
Pra quê o verde dessa nota
Ou o ouro dessa jóia
Se a alma é luz de toda cor?
De toda cor
De toda cor
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