
A moça que passa apressada quer o disparate. Quer o samba, quer a vida fora das capas de revista.
A velha, que joga farelos de pão aos pombos, quer embora da saudade, sorrir até o fim, se o fim também for embora.
O policial nervoso se agita, balança a coluna, serve a uma dura ginga e se encolhe de medo ao peito.
O homem que toca bumbo no coreto,
É mais sinhô, é mais sinhô, e sabe sim, que nessa vida nem só de grana se faz homem de valor.
Valor
Valor
Pra quê o verde dessa nota
Ou o ouro dessa jóia
Se a alma é luz de toda cor?
De toda cor
De toda cor
O banqueiro está correndo. Com passos firmes ele anda, nem olha para os lados, esses pobres retratos jogados ao chão.
Um louco dança a dança de uma flor.
Faz capoeira sem som e estrela na calçada
Para ele algumas palmas e corre - corre assustado.
Os carros passam, tudo passa nessa lida guerreira.
Frente aos olhos negros, a meninada brinca de equilibrar na travessura
ou na mágica
sua reles sina brasileira.
Agonizam à distância
dos silêncios blindados.
Seja nos semáforos
ou atrás de grades e cadeados
Essa meninada nasceu
para ser Cristo favelado.
Mas tem que ter
valor
valor
Pra quê o verde dessa nota
Ou o ouro dessa jóia
Se a alma é luz de toda cor?
De toda cor
De toda cor
Nenhum comentário:
Postar um comentário